terça-feira, 26 de outubro de 2010

[Alto-Giro] Latin NCAP: Crash Tests no Brasil


Recentemente, uma organização chamada de Latin NCAP ganhou a mídia brasileira. Estou certo de que muitos de nossos leitores já estão por dentro do seu propósito: o de realizar os famosos crash tests com os carros vendidos no Brasil e na América Latina.

A Latin NCAP é uma organização composta de diversas fundações (inclusive a FIA), que adquire os carros de forma independente e os submete a testes baseados em normas como a Euro NCAP. Pelo que foi divulgado até agora, apenas um teste de colisão frontal a 64 km/h contra uma barreira móvel foi executado, avaliando os níveis de proteção para adultos e crianças. Dentre os carros testados estão Toyota Corolla, Chevrolet Meriva, VW Gol, Fiat Palio e Peugeot "207".

Resultado: desastre, como esperado. Resumindo a história, nenhum modelo sem airbags (maioria no mercado brasileiro) conseguiu mais de 1 estrela das cinco totais. E nenhum carro, com ou sem airbags, conseguiu mais do que 2 estrelas no quesito proteção infantil. Vale a pena fazer uma visita ao site da organização (ou ao YouTube, mesmo) para assistir aos vídeos dos testes. O destaque fica por conta do carro chinês (Geely CK 1) que, depois disso, espero que não venda nem mesmo uma unidade no Brasil, haha!

O propósito da Latin NCAP, considerado louvável por nós do Alto-Giro, é o de incentivar os consumidores a exigirem carros mais seguros, mostrando o (baixo) nível dos carros nacionais no quesito "proteção aos passageiros", além da importância de equipamentos de segurança opcionais (aqui no Brasil), caso do airbag, por exemplo. A idéia é simples: se os consumidores exigirem, as montadoras serão obrigadas a melhorar.

Perdoe-nos se nós, do Alto-Giro, não acreditamos na força do consumidor brasileiro, já que, a julgar pelos produtos que tem disponível (e seus preços abusivos), compra e se contenta com qualquer coisa. Felizmente, se o mercado não se auto-regula, alguém no governo está fazendo algo de bom. Me refiro às resoluções 220 e 221 do Contran, que exigem a realização de testes de impacto com critérios biomecânicos, isto é, que levam em conta os danos aos passageiros. Em outras palavras, finalmente teremos ensaios obrigatórios, semelhantes aos conduzidos pela Latin NCAP, usando os famosos crash test dummies. As resoluções ainda não estão em vigor, mas já é um começo.

De qualquer forma, ficam aqui nossas palmas para a iniciativa da Latin NCAP. Aprovamos todas as tentativas de melhorar o mercado automotivo brasileiro, e algo desse tipo só tende a deixar os consumidores cada vez mais informados para, quem sabe num futuro longínquo (antes tarde do que nunca, hehe), façam escolhas conscientes na hora de comprar um carro.


- Resoluções do Contran


(Dica para a Latin NCAP: é irritante usar o site em português e deparar com diversas palavras em espanhol - inclusive o slogan. Corrijam isso!)

-WS
Equipe Alto-Giro

10 comentários:

  1. boa wilson....em breve todos os carros terão que ter air bag, o q ja é um começo

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  2. Airbag e ABS, verdade. Nem citei isso no texto, mas é outra iniciativa boa. Se o mercado não evolui naturalmente, é reconfortante contar com medidas obrigatórias assim. Acho que a culpa é da desinformação do consumidor brasileiro, algo que pode ser reparado, mas que deve levar muitos anos.

    -WS

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  3. Este brasileiro desinformado pergunta: por que, por exemplo, no vídeo do 207, o boneco bate a cabeça no volante com tudo, dando a entender que o cinto nem seria tão útil, mas ao mesmo tempo, em uma batida muito semelhante (um pouco mais devagar, mas bem parecida) o cinto salvou a minha vida?

    Eu sei que há batidas e batidas, mas está um pouco difícil acreditar que um Kadett foi mais seguro que um 207, projeto 15 anos mais novo.

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  4. Leonardo, não entendi bem o que você quis dizer. Onde você viu um teste de Kadett? Quem falou que usar o cinto não salva vidas?

    -WS

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  5. Pra ser sincero wilsão, isso acaba só desmascarando uma coisa que todo mundo já sabe: que carro brasileiro não presta e idem a indústria em geral, que enxuga os custos até o talo sem oferecer nenhum item de conforto e segurança e ao mesmo tempo, joga o preço até do uno mille basicão lá nas alturas

    Já tá na hora de alguém fazer algo a respeito

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  6. É verdade, Jão, você tem razão. As montadoras são muito gananciosas aqui, só a desculpa dos impostos - verdadeira em boa parte - não justifica os preços. Não sou nenhum comunista (muito pelo contrário), mas basta estudar um pouco a carga tributária e comparar preços de carros feitos aqui e vendidos em outros países.

    Infelizmente, acho que os crash tests vão causar mais uma alta nos preços, pois as montadoras certamente não vão absorver os custos adicionais na margem de lucro. Pelo menos a Kombi vai ser finalmente extinta, haha!!

    -WS

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  7. William, acho que não fui muito claro. Eu tinha um Kadett e sofri um acidente vagamente semelhante ao crash-test do 207 - acertei uma árvore (don't ask...) na altura do farol esquerdo do Kadett, ou seja, quase exatamente na minha frente. Não atingi o volante. E ninguém disse que o cinto não salva vidas (sou prova, ah, viva). Só me está difícil acreditar que a parte diagonal do cinto pode permitir, a partir de certa velocidade, o contato da cabeça com o volante, quando a parte transversal mantém o o corpo, da cintura pra baixo, no lugar. A bacia é tão mais resistente que a caixa torácica?

    ...

    pensando bem, deve ser mesmo.

    Léo Lino (ex-Leonardo)

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  8. Ah, tá, não tinha entendido, mesmo. As circunstâncias variam muito de batida para batida, como você mesmo disse. Poucos km/h (a mais ou a menos) fazem muita diferença, já que a energia varia com o quadrado da velocidade. Ângulo de impacto, deformação do "obstáculo", etc, também são importantes. É complicado comparar batidas, mas usar o cinto sempre (inclusive no banco de trás) é uma boa maneira de minimizar os danos aos ocupantes. Só por curiosidade, seu carro deu PT?

    Certamente, os testes não podem refletir todo tipo de batida, mas são projetados para servirem de referência em alguns casos cruciais, como esse de impacto frontal. Na verdade, são necessários outros, mas já é um bom começo.

    -WS

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  9. Olá!

    Sim, ele deu PT. Eu tenho umas fotos dele após a batida... só não sei onde estão.

    A tal árvore era bastante sólida; pelo que me contaram, no mínimo uma vez por mês alguém batia nela com tudo, mas, olhando-a, mal se via qualquer sinal disso.

    Eu sempre usei o cinto, desde os onze anos (e caçoavam de mim por causa disso), mas devo-lhe a minha vida.

    Quem precisava de cinto também era a bagagem (o Kadett não tinha ganchos). Na hora do acidente, uma bateria que eu tinha no porta-malas voou e pousou no banco do passageiro dianteiro.

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  10. Uau! Acabei de ler o artigo, mto bom meninos! Não sabia disso não!

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