O AltoGiro volta do Carnaval curando a ressaca com uma curiosidade que encontrei. Eu estava revirando umas fotos antigas do fundo da gaveta, quando encontrei o álbum do Salão Motor Show de 1997. Este salão era uma exposição que existia em anos alternados aos do tradicional Salão do Automóvel. Foi neste salão, que tive meu único encontro com uma Mclaren F1, como pode ser visto neste link.
Munido de uma simples máquina com um rolo de 36 fotos na época, uma das poucas fotos que tirei do Salão foi deste Emme 422T, que foi propagandeado e conhecido como o "Lotus Brasileiro".
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Foto tirada no Salão Motor Show 1997 |
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Volvo ECC, 1992. Fonte: wikipedia |
Se é difícil de acreditar nesta afirmação, é por que, previsivelmente, aconteceu justamente o contrário. Tanto o Emme quanto o S80 foram baseados no conceito Volvo ECC, de 1992. A Emme só se adiantou e lançou o 422T primeiro.
O resultado de um lançamento corrido, baseado em projeto alheio, feito por uma minúscula empresa nacional? Um design sem refinamento, com grade e faróis bizarros; carros defeituosos, com peças e painéis de carroceria sem tolerância dimensional; problemas elétricos diversos e ausência de estoque.
O alardeado motor Lotus, também era uma meia-verdade. O que aconteceu, foi que a Lotus vendeu algumas unidades restantes dos 4 cilindros 2,2 litros turbo à Emme, após a adoção de um novo V8 3,5 litros no Esprit. Os motores passados à Emme eram praticamente sucata da Lotus, visto que de cada 10 unidades trazidas pro Brasil, se aproveitavam apenas 2. E alguns dos motores que não estavam bons ainda foram montados em alguns carros.
Além disso tudo, a Emme divulgava que seu sedã de 264 cv - nunca aferidos - acelerava de 0 a 100km/h em 5s, tempo ilusório na vida real. Na prática, o turbo-lag do Emme era expressivo, que combinado com um câmbio de relações longas, fazia o carro de 1600 kg sofrer pra embalar. Pro 422T andar, só gritando o motor pra vencer o turbo: um pesadelo na cidade.
Além disso, um carro pesado e com uma potência (teoricamente) alta sem freios ABS nem air-bags, é uma receita pra um desastre rodoviário.
O resultado dessa mistura, foi uma produção limitadíssima de 12 a 15 unidades, montados num pequeno galpão em Pindamonhangaba, vendidos a alguns compradores enganados pela ilusão de se ter um Lotus 4 portas na garagem. A empresa foi à falência em 1999, apenas 2 anos depois do lançamento do carro, deixando esses consumidores sem assistência alguma.
Abaixo, um vídeo que parece ser de divulgação, do Emme 422T rodando em Monte Carlo.
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Fotos tiradas do Best Cars Web Site |
- Jackson
Algumas fotos e informações deste post foram retirados do site www.bestcars.com.br, que aliás parabenizo pela investigação que fez acerca deste modelo.