O Touro Diabólico
Acredito que compartilho a opinião de muitos entusiastas, ao afirmar que o Lamborghini Diablo foi o carro dos meus sonhos durante a infância. Para muitos de nossa geração, entre 25 e 30 anos, o Diablo foi o esportivo exótico supremo que dominou os pôsteres em nossos quartos quando ainda éramos auto-entusiastas mirins.
Naquela época ainda não tínhamos um computador para nos preocuparmos com o carro do fundo de tela. A informação ainda não era tão difundida, então basicamente tudo que possuíamos para apreciar esse sonho italiano era alguma reportagem de revista, um pôster de parede e no máximo, uma miniatura (foto ao lado). Meu conhecimento se baseava do pouco material que eu conseguia juntar, material que eu guardava com o maior carinho. Eu tinha uma preciosa revista, que trazia uma reportagem sobre o Diablo. E essa reportagem era lida diversas vezes, suas páginas eram foleadas cuidadosamente para não danificar a revista.
Era uma época romântica. Pouco se sabia sobre o sonho, e talvez isso que o tornava ainda mais místico.
Quando a casa de Sant’Agata apresentou o sucessor do Countach, assombrou o mundo com um carro inacreditável. Não existia nada no mundo mais extremo e radical do que esse esportivo com um design tão agressivo quanto o seu nome. Seu desenho era inimaginável para uma época de Corvettes C4's, Porsche 964’s e Ferrari 348’s.
O Diablo é um carro de superlativos. Foi, por exemplo, o primeiro carro de Sant’Agata a ultrapassar a psicológica barreira das
E no final, isso era o esperado para o sucessor do também lendário Countach. Se, em suas épocas, o Countach era um carro do outro mundo, o Diablo era do submundo. Seu agressivo design ameaçava os passantes mesmo quando estacionado.
O berço do Diablo se deu em 1985, quando a Lamborghini, controlado naquela época pela Mimram Brothers, um grupo de investidores suíços, deu início ao Projeto 132 para substituir o Countach. Para tanto, Marcello Gandini foi contratado pela empresa.
Gandini foi o designer responsável por genialidades como o Lamborghini Miura e o próprio Countach. À época do desenvolvimento do Projeto 132, Gandini já não havia mais laços com a Lamborghini, e trabalhava como freelancer. Sabiamente, a casa de Sant’Agata confiou novamente no mestre que tanto contribuiu para sua história, e as formas do diabólico touro aos poucos foram surgindo.
Quando a marca foi adquirida pela Chrysler, em 1987, o design do projeto foi modificado, seguindo orientações do próprio Gandini e também por influência do centro de estilo da Chrysler,
Agora, se o Diablo foi o resultado amenizado, fica minha curiosidade de como teria sido esse projeto!! De qualquer maneira, os traços principais de Gandini foram mantidos, traços que também podem ser vistos em outros projetos dele na época, como o Cizeta V16T.
Cizeta V16T
O Diablo foi apresentado em Janeiro de 1990. Tradicionalmente, foi nomeado em homenagem a um touro famoso, que neste caso foi um touro criado pelo Duque de Veragua, que travou uma batalha épica contra o toreador Jose de Lara, o El Chicorro. Diablo foi tão valente que investiu 16 vezes contra o toureiro, e pela sua bravura, o público aclamou para que El Chicorro não sacrificasse o animal. Mesmo sendo herdado de um touro lendário, poucas vezes vi um nome que combinasse tão perfeitamente com o carro.
Ao registrar
O Diablo apresentado neste post é um VT
A sigla VT quer dizer, como todo entusiasta tem o dever de saber, “Viscous Traction”, alusão ao sistema de acoplamento viscoso do conjunto de tração integral. Este sistema não tirava a pureza da condução de tracionamento traseiro, já que manda no máximo 25% do torque para as rodas dianteiras. Servia assim, somente para otimizar a tração do carro.
Este VT carrega consigo emblemas “30th Anniversary”, o que indica sua homenagem aos 30 anos de aniversário da Lamborghini. É importante não confundi-lo com o Diablo SE 30th Anniversary, que é uma edição especial comemorativa, produzida especialmente para homenagear os 30 anos de fundação da marca. Esta versão trazia como principais modificações em seu exterior, rodas redesenhadas, spoiler dianteiro mais pronunciado, entrada de ar lateral com lâminas verticais e cobertura da tampa do motor modificado. Além disso, no total, esta versão tem uma redução de peso de
Assim, depois de alguns encontros memoráveis com Gallardos apaixonantes e Murciélagos bestiais, finalmente pude concretizar meu sonho e conhecer, bem de perto, o Diablo. Foi como o fechamento de um ciclo. Ao encontrar o Diablo, senti que mesmo depois de conhecer inúmeros esportivos mais novos, avançados e superiores tecnicamente, ainda admiro-o pela fascinação que provocou na época. Foi como, depois de conhecer inúmeras mulheres maravilhosas, reencontrar aquela paixão do colegial e ver como você ainda olha-a do mesmo jeito. Esse tipo de sentimento, quase nostálgico, temos somente uma vez na vida. Nunca olhei pra outro esportivo da mesma maneira que o Diablo.
Este exemplar estava exposto na Platinuss, tão falada aqui no Alto-Giro por simplesmente ser a loja que expõe em seu showroom os mais exclusivos carros do Brasil. De cordialidade e atendimento exemplares, nossos amigos da Platinuss realizaram o sonho de alguns jovens com essa visita memorável, e que agora podemos compartilhar a todos os leitores do Alto-Giro Blog
- Xineis
Para ver tudo o que já escrevemos sobre nossas visitas à essa loja lendária, clique aqui! Veja também outros carros dignos de nota na nossa seção Visitas, também listada na coluna à direita.