[Alto-Giro Editorial] O futuro dos sistemas de acesso ao carro

Os sistemas de acesso ao carro evoluíram bastante nos últimos anos, mas ainda há espaço para avanços. Desde a arcaica chave metálica, ainda tão presente nos dias de hoje, até os sistemas keyless mais modernos (tema para um artigo futuro), uma coisa permanece comum a todos: você sempre deve levar algo consigo. Chave, controle, cartão, não importa. Sem um deles, nada de entrar no carro ou dar a partida no motor. Eu pergunto: isso é mesmo necessário?

"Para ter acesso ao carro, você 

ainda precisa levar algo consigo:

 chave, controle ou cartão"

A resposta é: não. A tecnologia atual já dispõe de diversas maneiras de identificar uma pessoa através da biometria: leitura de impressões digitais, de íris, reconhecimento de rosto, de voz, etc. Supondo que apenas um método não atinja a confiabilidade exigida, poderiam ser empregadas duas ou mais maneiras de identificação de forma redundante, a fim de se satisfazer os requisitos dessa aplicação. Desta forma, bastaria caminhar até o carro e se submeter a um desses sistemas de verificação (tocando um leitor de impressões digitais ou olhando diretamente para uma câmera, por exemplo), para ganhar acesso e ter a partida habilitada - por meio de um botão, como já acontece em alguns modelos. O travamento das portas e acionamento do alarme poderia ser feito com o uso de um botão externo, instalado na porta, como já ocorre nas Mercedes equipadas com sistema Keyless Go. 

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Isso mesmo: nada de ter que levar chave ou controle no bolso. Nada de se preocupar em pegar o controle do carro sempre que sair de casa, ou mesmo em esquecê-lo na mesa do bar. Desceu 7 andares até a garagem e descobriu que tem que trocar os carros para sair? Sem problemas - nada de subir tudo de novo para buscar a outra chave. É a tecnologia a serviço da conveniência e do conforto.

"O uso da biometria dispensaria

o uso de chave ou controle"

Uma solução assim abriria possibilidades interessantes. Enquanto, hoje em dia, a maioria dos carros costuma vir com apenas uma chave reserva, essa limitação não existiria no sistema biométrico. Como o acesso seria liberado baseado em parâmetros físicos de uma pessoa, armazenados numa memória, bastaria criar um banco de dados com motoristas autorizados a usar o veículo. Uma grande conveniência para quem compartilha automóveis com a família, por exemplo. Indo um pouco mais a fundo, ajustes individuais de bancos, retrovisores e rádio poderiam ser automaticamente carregados, assim que o carro reconhecesse o motorista.

A salvaguarda para o sistema aqui proposto poderia vir na forma de uma chave metálica convencional, para ser mantida em casa e usada apenas em casos de emergência (descarregamento da bateria, por exemplo) ou para cadastrar novos motoristas autorizados.

"Como salvaguarda, uma

chave metálica convencional"

Mas e quanto ao "problema do manobrista"? Como deixar o carro com o valet sem ter uma chave para entregar? Uma solução possível seria uma função de cadastro rápido, em que bastaria registrar sua impressão digital, garantindo acesso temporário e limitado ao veículo. Temporário, pois seria cancelado após um período pré-determinado (algumas horas ou até mesmo um dia), e limitado, para evitar a abertura de compartimentos como o porta-malas e o porta-luvas. Além de conveniente, o sistema ainda protegeria o carro contra manobristas mal intencionados. Voilà! 

Estando fora da indústria automotiva, é difícil afirmar qual o maior entrave para a adoção da biometria como sistema de acesso. Seria o custo de desenvolvimento? O de fabricação? A falta de confiabilidade da tecnologia? Independentemente disso, com um número cada vez maior de carros adotando os sistemas keyless de ponta (até mesmo no mercado brasileiro, com o Renault Fluence, por exemplo), é apenas questão de tempo até que os fabricantes se vejam pressionados a inovar, inevitavelmente caminhando para a biometria como forma de diferenciação. 

"No cenário atual, a inovação

é apenas uma questão de tempo"

Abrindo nosso foco para além da indústria automotiva, uma das grandes vantagens dos sistemas de acesso biométricos é o enorme leque de aplicações que eles possibilitam. Num futuro não muito distante, pode-se imaginar sistemas de acesso de todos os tipos baseados na leitura de parâmetros corporais, garantindo acesso não somente ao seu carro, mas à sua casa, ao seu escritório, no caixa eletrônico... E a maior vantagem de todas é que esses sistemas serão naturalmente compatíveis entre si, uma vez que o elemento "chave" da biometria é universal e independente de padronização entre fabricantes: o corpo humano.

-WS

PS: Antes de chegarmos aos sistemas biométricos, acredito que faremos uma parada intermediária nos smartphones. A já significativa fatia de mercado conquistada por esses dispositivos, aliada à possibilidade de se criar aplicativos específicos para cada carro tornam muito prováveis as chances de ser esse o próximo passo rumo ao futuro dos sistemas de acesso veiculares. Aguardemos.