Tenho que admitir: esse ronco é animal!
-WS
Gostaria de começar minha participação neste blog primeiramente agradecendo a equipe do Alto-Giro pelo convite feito para poder compartilhar um pouco mais sobre minhas idéias e experiências automobilísticas. E, inicialmente, gostaria também de escrever um pouco sobre uma questão que me foi abordada alguns dias atrás. Numa discussão sobre carros com amigos, surgiu a pergunta: “Qual foi o primeiro carro dos seus sonhos ?”. Fiquei pensando um tempo a respeito dessa questão. Afinal, quando se é criança, seus sonhos estão muito além do factível no mundo real. Não há preocupação com a disposição financeira, prática, nada. Apenas algo vem na sua cabeça e é o que você acha que é possível de acontecer. Dentro deste pensamento, a resposta veio certeira em minha mente: meu primeiro carro dos sonhos foi, definitivamente, a Ferrari F40. Eu devia ter lá meus 5, 6 anos de idade, e a F40 era o carro que me impressionava na época. Foi meu primeiro carrinho em miniatura colecionável, de muitos que eu adquiriria posteriormente. Era um carro grande, vermelho, potente. Uma Ferrari em sua mais pura convicção e alma. E foi, certamente, o carro que me fez iniciar minha paixão pelos automóveis, um carro que não só por aquela criança com quase nada de sabedoria viria a sentir que era um bólido incomparável, mas também considerado por muitos entendidos do ramo como um dos melhores carros de todos os tempos. Falemos um pouco dela então.
A Ferrari F40 foi construída aos termos de um carro de competição, porém dedicado exclusivamente às ruas. Foi apresentada pela Ferrari em 1987, homenageando a marca italiana, que completava então 40 anos de existência (daí a designação F40).O carro era coexistente com outros modelos de rua da Ferrari na época. Haviam as Ferraris 412, 328 e também a excelentíssima Testarossa, que operava seu motor de 12 cilindros e ganhava toda atenção da mídia automobilística. Pelo menos até então.
A F40 foi produzida com design de carros de corrida para dar maior velocidade sem a perda de estabilidade significativa, fato comprovado por seu grande aerofólio traseiro, desenvolvido para grudar o carro no asfalto. O motor que equipava o coração do bólido italiano era um motor traseiro, V8 bi-turbo (com os turbos operando na pressão máxima de 16 psi), com 4 válvulas por cilindro e 2,9 litros, relativamente pequeno comparado com os superesportivos da atualidade, porém que já entregava 478 cavalos a 7 mil rotações, cavalaria suficiente para levar a máquina de levíssimos 1.100kg da imobilidade aos 100km/h em 3,9 segundos e máxima de 324km/h, números que impressionam até hoje. Para transferir toda essa potência para o asfalto, eram utilizados largas sapatas, pneus 245/40 na frente e incríveis 335/35 na traseira, ambos com raio de 17 polegadas. O câmbio era manual de 5 marchas, dispensando toda a tecnologia que existe hoje e lembrando que, naquela época, a mecânica sobressaia fortemente contra a eletrônica dos tempos atuais.
Como uma criança, tudo era possível, mas um adulto que quisesse botar as mãos numa máquina dessas no mundo real deveria ser, além de muito rico, cliente antigo da Ferrari, para os quais foram oferecidos as apenas 1.315 unidades produzidas da F40, entre os anos de 1988 e 1991.
A F40 foi considerada entre 1987 e 1989 o carro de rua mais rápido do mundo, sucessor da marcante Ferrari 288 GTO, o que tornava a responsabilidade da F40 ainda muito maior, devido ao sucesso do seu antecessor. Era o sonho de qualquer fanático por carro, como me tornei na época e de outros muitos que já existiam. Certa vez, Enzo Ferrari chegou a dizer que “Se Deus fosse um carro, ele seria uma F40”, exaltando sua maior obra-prima até então. O carro foi rei absoluto do mundo automobilístico até a criação da Lamborghini Diablo, alguns anos depois. Mas isso é papo para outra hora.
Mas, como não só dados e informações satisfazem entusiastas de supercarros, como nós, gostaria de compartilhar um AVISTAMENTO (sim, um avistamento!!) que um amigo (e aproveitar para agradecer ao Diego pela colaboração) fez de uma F40 aqui, no Brasil (!!!). As fotos que temos abaixo foram tiradas em Ribeirão Preto, quando o feliz proprietário dessa relíquia estava transportando seu bólido para São Paulo.
Por final, depois de passar por todas essas informações e fotos, fica aqui a pergunta para o leitor: “Qual foi o primeiro carro dos seus sonhos?”
Feliz Natal e Boas Festas!
- João