Alto-Giro Blog esteve nas pistas de Interlagos no Quatro Rodas Experience, tanto em 2010 quanto em 2011. Nosso autor William postou aqui as impressões que teve na pista em 2010, quando pilotou um espetacular SLK 55 AMG. Minhas impressões de 2010 são muito mais modestas, já que dirigi um Punto T-Jet, e ainda mais este ano, quando fui pra pista com um "New" Fiesta sedã.
A minha escolha destes carros foi feita pelo julgamento do que pudesse ser mais interessante na pista, mediante as opções apresentadas. Fui forçado a escolher estes veículos devido à pura falta de opções que o QRX oferecia. Assim como já dito no primeiro post sobre o QRX 2011, as poucas opções interessantes se esgotam em minutos, restando a quem não pode acompanhar minuto-a-minuto o momento de início das vendas, carros medíocres e outros ridículos para serem conduzidos na pista.
Em 2010, tive a "sorte" de poder comprar o convite para dirigir o Punto T-Jet, experiência pelo qual o autor William também passou. Este Punto seria um carro que eu dificilmente compraria normalmente, devido ao preço que lhe é cobrado - a Tabela Fipe de hoje mostra o absurdo número de 65 mil reais. Mas isso não era impedimento no QRX, afinal o custo das 3 voltas seria o mesmo que o de outros carros menos interessantes, como um Nissan Tiida e Fiat 500.
Na pista, o turbinado da Fiat teve um comportamento interessante.
Assim como já dito no post do teste do Mini Clubman S, minhas impressões são feitas sob a ótica de um motorista comum. Não sou nenhum piloto, nem avaliador profissional.
Dessa maneira, achei o Punto T-Jet bem satisfatório nas curvas de Interlagos. É claro que para pista, o carro demonstrou bastante inclinação de carroceria nas curvas, e certamente uma suspensão mais firme ajudaria bastante. Mas para as ruas públicas esse acerto de suspensão é bem satisfatório, e necessário. O carro demonstra grande tendência subesterçante, com a frente desgarrando no limite nas curvas, ação facilmente controlada pela dosagem do acelerador, perfeito para pilotos inexperientes.
O Punto tem potência suficiente para saídas de curva bem feitas, mas insuficientes para as retas de Interlagos. O T-Jet tem pouco turbo-lag, com a turbina de baixa inércia enchendo o pequeno 1.4 L já a 2000 rpm. Abaixo dessa rotação, no entanto, o carro é bem sonolento. Como estávamos na pista, bastou trabalhar as marchas pra manter o motor sempre cheio. Nestas condições, o Punto T-Jet tem acelerações satisfatórias, mas não se deve esperar o desempenho de um pocket-rocket, como seu visual sugere: seus 152 cv e 21,1 kgmf de torque são valores compatíveis a de um bom motor 2.0 L. Pesando 1.230 kg (cerca de 100 kg a menos que um Ford Focus), o Punto é divertido, mas não exatamente emocionante.
As 3 voltas foram muito divertidas, com um excelente instrutor sugerindo correções no meu traçado, o que acabou ajudando bastante na tocada. O carro andou no limite quase o tempo todo, com saídas de curvas feitas com desgarramentos controlados, motor sempre cheio nas retas e carga máxima de freios antes da tomada de curva.
Infelizmente, 3 voltas acabam ridiculamente rápido, sendo suficientes apenas para dar aquele gostinho de "quero-mais (muito mais)".
Em resumo, o pequeno Fiat foi, para este piloto inexperiente, companheiro competente o suficiente para alguns momentos bem divertidos na pista, com o ápice de alguma adrenalina nas ultrapassagens de carros menos capazes.
Já no QRX de 2011, fui menos afortunado no momento de escolher o carro para testar. Na verdade, observamos uma decadência acentuada da qualidade dos carros oferecidos ao público neste ano, o que no fim resultou na minha (falta de) opção pelo Ford "New" Fiesta Sedã.
No momento da minha escolha, tinha carros como o Nissan Sentra, Nissan Livina, Renault Fluence, Kia Picanto, Fiat Uno...
As duas únicas opções interessantes para 2011, eram o Audi TTS e o Fiat Bravo T-Jet.
Pra falar a verdade, muitos consideram apenas o TTS ser a única opção interessante do evento, mas eu ficaria satisfeito testando um Bravo T-Jet também.
Fui procurar comprar o teste alguns dias depois da abertura das vendas, e obviamente, os horários para esses dois carros estavam esgotados.
Podem até dizer que eu "vacilei" de não ter acompanhado a abertura das vendas do QRX, mas eu não vejo isso dessa maneira. Pra mim, o QRX desrespeita o entusiasta de verdade, e oferece pouquíssimas opções interessantes para o público. Acho que os clientes não deveriam se digladiar pelos poucos carros interessantes, a organização que deve oferecer opções suficientes para atender a demanda. O evento disponibiliza carros ridículos para serem "pilotados" na pista, e cobra caro por isso.
Escolhi o Fiesta por causa dos relatos que li sobre seu chassis e suspensão bem acertados, e imaginei que ele fosse divertido de se jogar nas curvas do miolo do autódromo. Outras opções consideradas foram o Nissan Sentra e o Renault Fluence. O Sentra eu já dirigi algumas vezes nas ruas, e não despertou emoção alguma em mim. A opção do Fluence também não me cativou, apesar de ter um motor superior ao do Fiesta. Imaginei que seu peso adicional e uma suspensão teoricamente mais macia em relação ao Fiesta, formariam um conjunto menos interessante na pista. A vantagem do motor 2.0 do Renault é válida, mas preferi um conjunto mais leve e ágil para atacar as curvas - convenhamos que não vai ser essa diferença de motor que vai me dar arrepios nas retas.
Carro na pista, as impressões do Fiesta se confirmaram. O carro é muito bem acertadinho, e mesmo tendo configuração semi-independente com eixo de torção atrás (assim como no Punto), a suspensão trabalhou de maneira muito eficiente. Nos limites que andei, o carro nunca chegou perto de perder o controle, nem quando as zebras eram atacadas.
Tive a sorte de ser um dos primeiros da fila, o que me garantiu pista livre depois de duas ultrapassagens na primeira volta. O Fiesta atacava e derrapava deslizando as curvas como um dançarino na ponta dos pés. Seus limites na pista não são altos, mas muito controláveis e previsíveis. Assim como o Punto, sua tendência subesterçante é dominante, mas a suspensão do Fiesta é (previsivelmente) mais macia e de maior curso. Junto com a maior altura e um centro de gravidade supostamente mais alto, o Fiesta gera maior inclinação de carroceria nas curvas, mas nada crítico nas condições de vias públicas. Seu motor 1.6 é suficiente para mover o carro na cidade, mas na pista ficou evidente a falta de fôlego, sobretudo nas duas retas de Interlagos.
O instrutor de 2011 foi menos intrusivo, mas mais cauteloso. Mas depois de algumas curvas, instrutor e piloto ganharam respeito mútuo, e pude desfrutar de uma certa liberdade para abusar um pouco mais do meu carro na pista.
Pra quem só anda de carro nas vias públicas normalmente, as 3 voltas acabaram rápido demais.
As voltas pilotadas em Interlagos são muito divertidas, mas não tiram a frustração causada pela organização do evento, que já foi criticada anteriormente diversas vezes pelo Alto-Giro, como neste link e neste.
Resta a esperança que algum ano, o QRX passe a oferecer carros realmente interessantes ao público, e tão importante quanto, aumente o número de voltas por cliente. Que tal 10 voltas de BMW 335i por cerca de 250 reais? Ou 10 voltas de Porsche Cayman por 300 reais?
Sei que a sugestão é meio utópica, diante do molde que o evento é realizado hoje. Mas se o QRX, ou alguma empresa concorrente oferecer tal proposta, mesmo que por um preço um pouco mais alto, eu estarei na fila para comprar!
- Xineis
acho que esqueci de mencionar no post, é bom esclarecer que nem todos os clientes tiveram instrutores "liberais" como os meus..
ResponderExcluirouvi relatos que haviam instrutores demasiadamente restritivos, que impediam o piloto de se arriscar um pouquinho mais na pista...
Nosso amigo Antonio dirigiu um Fluence, e foi uma dessas pessoas...
É isso mesmo Xineis!
ResponderExcluirMas apesar das restrições do meu instrutor, do tréfego intenso na pista, da má organização do evento, etc... correr em Interlagos foi animal!
Mas para próxima edição do QRX já estou vacinado, e vou tentar aproveitar um pouco mais ;-)
Aliás, belo post! Parabéns!
Boa, Xineis! Juntou o de 2010 com o deste ano, hehe. O Puntinho é mais legal que o Fiesta, né? A potência faz a diferença. Sem falar que o acerto de suspensão dele é intencionalmente mais esportivo.
ResponderExcluirDa hora que você fez umas ultrapassagens e pegou pista livre. É muito mais tranqüilo, dá pra aproveitar sem ninguém te segurar.
Mais uma vez deixamos nossas críticas ao evento. Além da seleção dos carros ter deixado a desejar, o site que vendia os ingressos era simplesmente horrível. Lembra do TTS que aparecia como disponível, só pra você clicar e dar erro? Ou do Cadenza? Que raiva!
-WS